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Poesia: Epitáfios da Loucura (ou Certidão da Lucidez)

Atualizado: 17 de jun.

Ilustração por @jpeil_
Ilustração por @jpeil_

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Conduzo-me por miragens digrassionais, por quixotescos montes, aos montes desde quando, entendida a dualidade preexistente na loucura, compreendi a necessidade de escape como o primeiro dos variados e infinitos - dada a eternidade como um fato e o infinito, seu círculo - passos ruma à sensatez. Não acanho com a demasia talvez necessária diante dessas miragens: as adentro por intermédio de imagens que se me criam como natureza por concluir serem nelas onde habitam o respiro findamente solitário, por concluir, onde preexistem, nelas vento forte e íntegro o suficiente para levar como celebração a fumaça cinza e dançarina através da qual me exorciso aos suspiros de sonhador preso em contingências universais.


Resultado dos muitos tropeços à tarde por entre calçadas esburacadas, exorcizei os versos que me encontraram através de conclusões que me são razão há não tanto tempo. Epitáfios prestam respeito, quando muito, derivados dos valores de quem foi: aqui são resultados da loucura pela loucura, da loucura bruta à qual me entreguei vida passada.


Três das algumas poesias que compõem este compendio sobre a loucura:


Tive medo quando a primeiro vez me vi

estirado refletindo a poça na calçada

visto ter sido a real primeira vez

onde compreendi a beleza da virtude


Se hoje caio é com devoção

Se busco meus olhos nas minhas lágrimas

é com alegria de forasteiro de primeira viagem

Espreito aos soslaios minhas máscaras esfarelando-se

e retenho diversos pluriformes sonhos


Tive medo quando a primeira vez me vi

hoje me assusto onde não me encontro

centelhas daquela noite ainda resvalam

e me pretendo a cada amanhecer mais desvanecido


- medo é o teorema das minhas ilusões

sou aquele que treme ao encarar de volta


.............


Prepotência é a valia do imperativo motriz do meu cabresto

Funesto como posso, santo como prevaleço:

prepotência é o desatino do sol que não me guia

pois não venho do mesmo céu de ontem

do mesmo outrem que fui antes da fantasia:

sou maré de outra cenografia

e me basto até vinte passos sem cigarros


Quando o longe me toca com novas mãos nos ombros

não credito conselhos nem euforias:

acelero o passo com a exatidão dos heróis incorrigíveis

pois incorrigível não reconheço heroísmos

Prepotência é o desatino do sol

que vangloria o que retenho em mínimas

tragédias


.............



Martírio


Meu maxilar dói, ainda assim mastigo

Minha garganta se contorce, ainda assim forço à entrada

Trago as nuvens pratas que afronto

ignorando o sabor de suas formas

ignorando as farpas resultantes, as hemorróidas

dilacerado entremeio à revolta

pois o finalmente de tanta fúria

é o kaos que precede a escória


- não sei ser melhor que um instrumento

dos vendavais


Folhas, galhos contra meu rosto

mastigo, mastigo, mastigo

- esse é o caminho do último precipício -

e choro, e prossigo, e mastigo, mastigo

- faço da reclusão a última etapa

faço da tentação meu último suspiro -

e acelero o contratempo, e espirro, e expiro:

e renasço no cansaço


pois não sei ser melhor que um instrumento

do penúltimo delírio


.............


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