Poesia: Epitáfios da Loucura (ou Certidão da Lucidez)
- werner maria
- 12 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 17 de jun.

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Conduzo-me por miragens digrassionais, por quixotescos montes, aos montes desde quando, entendida a dualidade preexistente na loucura, compreendi a necessidade de escape como o primeiro dos variados e infinitos - dada a eternidade como um fato e o infinito, seu círculo - passos ruma à sensatez. Não acanho com a demasia talvez necessária diante dessas miragens: as adentro por intermédio de imagens que se me criam como natureza por concluir serem nelas onde habitam o respiro findamente solitário, por concluir, onde preexistem, nelas vento forte e íntegro o suficiente para levar como celebração a fumaça cinza e dançarina através da qual me exorciso aos suspiros de sonhador preso em contingências universais.
Resultado dos muitos tropeços à tarde por entre calçadas esburacadas, exorcizei os versos que me encontraram através de conclusões que me são razão há não tanto tempo. Epitáfios prestam respeito, quando muito, derivados dos valores de quem foi: aqui são resultados da loucura pela loucura, da loucura bruta à qual me entreguei vida passada.
Três das algumas poesias que compõem este compendio sobre a loucura:
Tive medo quando a primeiro vez me vi
estirado refletindo a poça na calçada
visto ter sido a real primeira vez
onde compreendi a beleza da virtude
Se hoje caio é com devoção
Se busco meus olhos nas minhas lágrimas
é com alegria de forasteiro de primeira viagem
Espreito aos soslaios minhas máscaras esfarelando-se
e retenho diversos pluriformes sonhos
Tive medo quando a primeira vez me vi
hoje me assusto onde não me encontro
centelhas daquela noite ainda resvalam
e me pretendo a cada amanhecer mais desvanecido
- medo é o teorema das minhas ilusões
sou aquele que treme ao encarar de volta
.............
Prepotência é a valia do imperativo motriz do meu cabresto
Funesto como posso, santo como prevaleço:
prepotência é o desatino do sol que não me guia
pois não venho do mesmo céu de ontem
do mesmo outrem que fui antes da fantasia:
sou maré de outra cenografia
e me basto até vinte passos sem cigarros
Quando o longe me toca com novas mãos nos ombros
não credito conselhos nem euforias:
acelero o passo com a exatidão dos heróis incorrigíveis
pois incorrigível não reconheço heroísmos
Prepotência é o desatino do sol
que vangloria o que retenho em mínimas
tragédias
.............
Martírio
Meu maxilar dói, ainda assim mastigo
Minha garganta se contorce, ainda assim forço à entrada
Trago as nuvens pratas que afronto
ignorando o sabor de suas formas
ignorando as farpas resultantes, as hemorróidas
dilacerado entremeio à revolta
pois o finalmente de tanta fúria
é o kaos que precede a escória
- não sei ser melhor que um instrumento
dos vendavais
Folhas, galhos contra meu rosto
mastigo, mastigo, mastigo
- esse é o caminho do último precipício -
e choro, e prossigo, e mastigo, mastigo
- faço da reclusão a última etapa
faço da tentação meu último suspiro -
e acelero o contratempo, e espirro, e expiro:
e renasço no cansaço
pois não sei ser melhor que um instrumento
do penúltimo delírio
.............
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