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E trago dobrado no bolso direito o retrato falado da nova constelação. Desenho antigo-presente-futuro a mim concebido como conclusão de uma jornada que neguei - mísera e única vez em que agi honestamente para comigo. Esquadrinho sua proporção através da língua e minto com desdém a magnitude da minha falsidade para com o real - mesmo nunca tendo me sido preocupação, talvez virtude, como a genet: oh, pai genet, de onde nasce meu apreço a você interrogação - então descarrego e recarrego e descarrego e recarrego e descarrego idiossincrasias por intermédio da nova literatura, deste novo estado existencial que em tamanho e coesão conjuro e amo reticências - bato em retirada sem mais caso me interrompam questionando a razão de tamanha discórdia, caso afrontem o ora pois de voluntariamente indigenciar minhas supostas e projetivas regalias de coadjuvante-plateia-figuração: a culpa é dos satélites exclamação escrito com porra nas costas da camisa de linho azul-prússia xg estampando minha fuga através do espaço.
 

(E somos fraternidade baseada nas conspirações que se me apresentam toda vez que lembro e relembro ter sido santo um dia. E me punam os dois por ser somente o somatório das tragédias daquele todo. E desfrutem a escassez da minha honesta vilipendiação tenacidade x robin hood por não girar chaves neste restante de memória, nestas portas semicerradas quanto ao começo ou melhor quanto ao retornar do novo)

Uma das mais belas e poderosas características da arte é, a meu ver, seu potencial transgressor, sua capacidade de ser visceral ao ponto de desafiar aqueles que a consomem a confrontarem suas próprias faces nuas e expostas diante do absurdo, do polêmico, do ofensivo, do vulgar. E aqui destaco a palavra “desafio”: seja em termos de forma, seja em termos de conteúdo, a arte transgressora, quando cumpre seu propósito, dificilmente é para todos; muitos sequer a compreendem. No caso do Tagete, o desafio, quando aceito, recompensa o leitor com o choque de uma experiência quase sensorial, transitando como um pêndulo entre o surrealismo e a crueza brutal dos mais intrusivos dos pensamentos, de forma a confrontar a moral e os limites do bom gosto. Ao fazê-lo, dança livre entre abstrações e fluxos mentais materializados numa prosa envolvente e de riquíssimo vocabulário.
Não haveria como não me sentir honrado em ocupar um lugar privilegiado como espectador do grotesco espetáculo que é o Tagete - por mais inapropriadas que tenham sido as considerações do autor a meu respeito. Nesta obra, me vejo diante de um espelho rachado, que me entrega uma versão distorcida de mim mesmo, como sou visto pelos olhos do pervertido autor. E, por isso, só posso agradecer!

 

Rodrigo Pascal (Segundo Leitor)

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(E não mais que de repente o sol é só malha. E não mais que de repente o sol me atrapalha. E não mais que de repente o sol, convencido de si, compenetrado dentre obviedades me elucida os atritos que carrego e não mais que de repente o sol me cega. E não mais que de repente busco a sombra. E não mais que de repente o sol me assusta e deito na esperança de que anoiteça)

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O HORIZONTE QUE VEM LÁ,
NASCE AQUI:

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Dilacerei-me nesse primeiro momento em um autorreflexivo fluxo através da cor laranja - minha terceira cor favorita - e concluí com esse esboço de quem sou: horizontes.

Não sei bem o que faço aqui, sou o primeiro-não-tão-primeiro leitor - não o da caneta, mas do pincel - e das cores entendo bem. Não só das cores, como do laranja-poesia, entendo o que sinto quando leio esse livro; a autobiografia desmembrada presenciei ao vivo e Maria o amo em cada elucubração (palavra que aprendi com ele!), vivo, sonolento, embriagado ou sóbrio, dando um gostinho do que seria essa realidade que agora, brilhantemente, está palpável a todos.

O humor cômico circunda as metáforas delicadas e imorais, o existencialismo em cada reiteração de detalhes, só pra lembrar que custe o que custar, o livro não é erótico. Maria é capaz de emocionar descrevendo a morte primeira como algo possível de sentir, mesmo quem nunca precisou morrer, sofrer do ocidente, cair como alice, buscar o retorno primário, e traz um brilho dançante de palavras em carne nova que gira, gira, repete, lembrando das rodas quentes do trem que já passou por tanto caminho e poeira. O peso da vida, do passado, não estagna Werner Maria da possibilidade de falar com o eterno e com o céu, e por isso, não escreve pra terra empoeirada, e imensa sorte minha ele não estar muito antes debaixo dela, para assim ter a chance de o encontrar nesse plano. Em linguagem plástica, descrevo os devaneios com a pintura nervosa de Francis Bacon, que capturam o estralo de existência doída ao ler esse grito-manifesto do que foi, do que se tornou, e do sangue pulsante poético de criar algo original e tão pessoal capaz de sintetizar com algo imensamente maior.

Obrigada pela paciência e caminho ao longo desta realidade onde estive ubíqua, por fazer parte da sua história, criar nossa história, reflexo de cada ação. Maria, meu grande amor e último, sempre será. 

 

Pelo amor de deus, não deixe o Tagete chegar ao meu pai.

​

Bianca Petry (Primeiro Leitor)

reticências
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